Não se vitimize quando conversar sobre finanças pessoais

Uma das etapas mais difíceis quando começamos a olhar seriamente para nossas finanças pessoais é não cairmos no discurso de que somos vítimas da situação. Sim, porque se a situação estiver muito precária, precisaremos de uma boa dose de coragem para lidarmos com nossa realidade financeira – e isso começa com um orçamento bem feito. E independentemente de estarmos com as contas em dia ou não ou de conseguirmos poupar ou não, é necessário mais outro tanto de coragem para reconhecermos e aceitarmos que ter chegado até aquele ponto foi uma somatória de escolhas diárias que não começou ontem ou na semana passada, mas ao longo de anos de repetição de escolhas erradas.

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É mais fácil apontarmos o dedo para uma série de desculpas (como eu particularmente fiz por tanto tempo) para tentarmos nos justificar pelos descontroles, como gastos imprevistos (sim, eles existem, mas com a reserva de emergência eles deixam de ser problema); pagamentos recorrentes (IPTU, IPVA, anuidades profissionais, seguro de carro etc.), que exatamente por serem esperados não deveriam ser problema, pois já poderiam estar provisionados no orçamento ao longo do ano para quitação na hora certa; aquela calça que não estava no orçamento, mas…;  enfim, a lista é grande.

Da mesma forma que chegamos, podemos sair

É nossa escolha ficarmos no mesmo lugar, reclamando da situação, ou tomarmos uma atitude para construirmos uma história diferente. O primeiro passo é olharmos para nossos ganhos e para nossos gastos sem dourar a pílula. E como isso é feito? Pode ser numa planilha no computador, no notebook ou no celular; num aplicativo; num caderno; numa folha de papel.

O importante é listar todas as despesas por 12 meses, fazendo uma projeção de tudo o que está por vir com base nos últimos 12 meses, e deduzi-las da(s) entrada(s) – salário, pro-labore, recebimento de aluguel, horas extras etc.

Se os gastos superam os ganhos, como sobreviver de um mês para o outro? Como conseguir pagar as contas? Ou não são pagas? O problema numa situação dessa é maior, mas há solução desde que exista comprometimento para sair dela, com diminuição de gastos, pagamento das dívidas e propósito de investimento planejado.

Se há empate entre entradas e saídas mensalmente, o problema é menor, mas não é inexistente porque não há sobra para investimento.

Se os ganhos superam os gastos isso é muito bom! Mas o que acontece com essa sobra de dinheiro? Ele está sendo investido? De que forma? Então, mesmo que o saldo seja positivo, onde está o planejamento?

Poupar e investir não significa parar de viver

Muito pelo contrário! No começo será necessário um tempo de ajustes para colocar o orçamento em ordem, fazer um bom planejamento e estabelecer novos hábitos, mas depois é vida que segue. A diferença estará sempre nas escolhas a partir desse ponto e na maneira de consumir. Por exemplo, em vez de comprar por impulso, entram a reflexão e o planejamento (sempre ele); em vez de comprar em 12 vezes no cartão de crédito ou no carnê, entram a opção por esperar, poupar, investir e negociar com dinheiro na mão. E por aí vai.

Dou meu exemplo: algum tempo atrás, cheguei a fazer três viagens ao exterior. Como? Me endividando no cartão de crédito, parcelas sobre parcelas. Se eu tivesse feito um planejamento correto, talvez eu não viajasse três vezes ao ano, mas poderia fazer uma viagem bem legal, talvez até com mais tempo para aproveitar, e sem dívidas na volta. Se viagens são importantes para mim, como realmente são, a questão é mudar a maneira de consumir esse sonho, colocando-o no orçamento como um objetivo e não riscando-o por completo da minha vida. Tudo é aprendizado.

Alívio quando tudo começa a mudar

É sério: dá um grande alívio quando aquele dinheirinho investido começa a gerar rendimentos, ainda que sejam centavos por dia, pois será a soma desses centavos com o incremento dos juros compostos somada a novos aportes que farão diferença no montante investido. E vai dando mais vontade de ver aquele saldo crescer. Mas isso só é possível de acontecer a partir do comprometimento com o ato de poupar, com a quitação das dívidas e o compromisso de não fazer outras sem necessidade.

A fórmula é bem simples, mas por que não a seguimos? Por que o nível de endividamento dos brasileiros não diminui ano após ano?

Quem é responsável pelas escolhas?

Se seu(a) filho(a) dá escândalo no supermercado ou na loja de brinquedos para comprar algo desnecessário e você compra, de quem é a escolha para o sim ou para o não, independentemente da gritaria dele(a)? Assim vamos na vida: temos uma criança birrenta dentro de nós que pode ter resistência em aceitar os nãos que precisamos dizer, mas precisamos começar a mudar essa maneira de lidar com ela. Afinal, a responsabilidade por cada uma das escolhas que fazemos é só nossa. Não há mais ninguém para apontarmos o dedo.

E aí, o que você achou deste post?

Se tiver vontade de mudar sua história financeira e não sabe por onde começar, há muito material disponível na internet, com milhares de vídeos no YouTube, sites especializados, artigos e livros. Tem muita gente boa compartilhando seu conhecimento, como Nathalia Arcuri, Gustavo Cerbasi, Mirna Borges, Patricia Lages e tantos outros. De minha parte, posso te oferecer o Cursos sobre Finanças Pessoais e Planejamento Financeiro (clique aqui para detalhes) que estruturei e que pode transformar sua relação com dinheiro e melhorar sua vida financeira no presente e no futuro.

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Escrito por Amandina Morbeck

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