6 dicas importantes sobre a reserva de emergência

Com a chegada da pandemia e os impactos que causou – e continua causando – na economia e nos orçamentos pessoais, quem tinha reserva de emergência formada ou em formação pôde comprovar sua importância. Não é à toa que educadores financeiros, como eu, recomendamos que preocupar-se com ela seja o primeiro passo para quem começa a cuidar das finanças. Afinal, imprevistos e emergências podem acontecer a qualquer momento e só temos a ganhar por sermos precavidos.

Além de um post específico sobre essa reserva, sempre a menciono em meus textos, pois ela é como a fundação de um imóvel: bem estabelecida, será a sustentação que garantirá a tranquilidade financeira inicial para que o investidor faça voos mais altos e melhor direcionados. Mas é importante observar alguns pontos em relação a ela:

1. Renda variável não

Ativos de renda variável, como ações, não são recomendados para reserva de emergência. Primeiro, por causa da variação natural de preços de papéis dessa categoria no mercado financeiro. O que isso significa? Que o que foi pago no dia da compra pode ter sido mais alto do que estará valendo quando for preciso vender para fazer dinheiro rápido; segundo, porque pode ser que não seja possível vender aquele ativo no tempo necessário para o dinheiro entrar na conta. Portanto, a escolha deve ser por renda fixa.

2.  Liquidez x rentabilidade

Liquidez, isto é, conseguir sacar o dinheiro do investimento para tê-lo na conta bancária o mais rapidamente possível, é mais importante do que rentabilidade quando se trata da reserva de emergência. Nesse caso, o dinheiro investido não pode ficar “preso” por período determinado. Ele precisa estar “livre” para ser utilizado quando for necessário. Essa característica específica torna esse tipo de investimento menos rentável.

3. Tesouro? Qual Tesouro?

Muito se fala sobre formar a reserva de emergência utilizando título do Tesouro Direto. Mas preste atenção na hora de sua escolha, pois apenas o Tesouro Selic tem liquidez e é o recomendado para isso.

4. Não existe apenas o Tesouro Selic

Embora haja muita divulgação em relação a esse produto, ele não é o único indicado para formação da reserva de emergência. CDBs de liquidez diária e fundos de renda fixa ou fundos DI também são. Só que aqui há alguns pontos a serem observados (informações referentes à data em que o post foi escrito – taxas Selic e DI podem mudar ao longo do tempo, influenciando nos cálculos):

a) Tesouro Selic até R$ 10 mil reais é isento da taxa de custódia da B3 e isso representa uma vantagem extra. Veja que hoje a taxa Selic, que remunera esse título, está em 2% ao ano. Dessa forma, até R$ 10 mil o investidor receberá essa taxa cheia; o que passar desse limite paga 0,25% ao ano à B3, o que faz com que esses 2% se transformem em 1,75% ao ano;

b) CDB com liquidez diária para igualar ao Tesouro Selic até R$ 10 mil precisa pagar 105% da taxa DI, que hoje está em 1,90% ao ano. Dessa forma, temos 1,90% + 5% = 2%. Abaixo disso, perde para o Tesouro Selic, enquanto acima dessa porcentagem ele se torna ainda mais vantajoso. CDB com liquidez diária com taxas melhores é encontrado principalmente em bancos digitais. Pesquise sempre.

c) Fundos geralmente têm taxa de administração. No caso dos fundos de renda fixa e fundos DI, que já rendem pouco, é preciso evitar pagar qualquer taxa a mais. Pesquise, pois há fundos que não cobram taxa de administração, e compare com os outros produtos disponíveis.

5. Reserva de emergência não é para “gastar”

Algumas pessoas ainda confundem reserva de emergência com reserva para outros fins – como pagar contas com vencimentos próximos, comprar um bem com desconto, fazer uma viagem etc. O valor acumulado referente a 6 ou 10 meses de seu custo mensal só pode ser gasto com o que for realmente emergencial, imprevisto, problemático (perda de emprego, doença, carro batido ou com problema mecânico, dente quebrado, vazamento inesperado no imóvel, acidente etc.). Para os demais planos é preciso fazer outras reservas.

6. Correções ao longo do tempo

A reserva de emergência não pode ser estática e precisa de correção pelo menos uma vez por ano – a cada janeiro, quando o governo divulga a inflação do ano anterior – e também quando os gastos mensais sofrem alteração para cima.

Exemplos:

1) se o saldo na reserva de emergência é de R$ 30 mil, o rendimento foi de 2%, mas a inflação do ano anterior foi 4%, é preciso fazer um aporte de 2%, ou seja, depositar R$ 600 pra compensar essa perda que corrói o poder de compra do dinheiro. É preciso fazer isso todos os anos – É preciso fazer isso todos os anos – leia também Como a inflação afeta o poder de compra e os investimentos;

2) se hoje os gastos estão em R$ 5 mil e a reserva de emergência estabelecida foi de 6 vezes esse valor (R$ 30 mil), se houver mudança no patamar de gastos, digamos, para R$ 8 mil, a nova reserva deverá ser de R$ 48 mil.

Sobre a caderneta de poupança

Embora também tenha liquidez, enquanto a definição em relação à caderneta de poupança for mantida, de que sua remuneração será de 70% da taxa Selic quando esta estiver igual ou abaixo de 8,5% ao ano, ela não deve ser opção para “investimento” – porque realmente não é. Observe que com a taxa Selic a 2% ao ano atualmente (agosto/2020), o rendimento da caderneta de poupança é de 1,4% ao ano. Como sempre digo em relação aos cuidados com o dinheiro: evite perdas fazendo contas, comparações e simulações.

Como já disse Warren Buffett: “Regra número 1, nunca perca dinheiro. Regra número 2, nunca esqueça a regra número 1”.

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Escrito por Amandina Morbeck

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