- 13/11/2018
- Posted by: AmanMorbeck
- Categories: Finanças pessoais, Independência financeira
Os primeiros passos quando você começa a tratar suas finanças pessoais com atenção e seriedade, depois de estruturado o orçamento como se deve, são no sentido de formar a reserva de emergência (também chamada de colchão de emergência ou patrimônio mínimo de sobrevivência).
Ela representa um montante a ser acumulado, por meio de depósitos mensais, para cobrir as despesas por determinado período (como no caso de perda de emprego ou doença) ou quando há gastos inesperados (como carro quebrado ou um dente com problema, por exemplo). Convenhamos que todos nós estamos sujeitos a lidar com imprevistos a qualquer instante – e você talvez já tenha algumas histórias para contar sobre suas próprias experiências ou como observador(a) em relação a outras pessoas. Como construir essa tal reserva de emergência?
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É bem simples, mas exigirá comprometimento e disciplina de sua parte. Por quê? Porque você deverá separar uma porcentagem dos seus ganhos líquidos (salário, pro-labore, extras, 13º salário, férias, bônus etc.) para investir mensalmente. Veja bem, não é para esperar para ver se vai “sobrar” uma parcela dos ganhos para só depois fazer o investimento. Separar o percentual deve ser o primeiro passo a cada mês e corresponder a, no mínimo, 10% do total líquido que você recebe. Exemplo: se seu salário é de R$ 2.000,00, seu investimento mensal deverá ser de, no mínimo, R$ 200,00; se for R$ 5.000,00 = R$ 500,00; se for R$ 10.000,00 = R$ 1.000,00 etc. Lembrando que todos os extras – bônus, décimo terceiro, férias, comissão etc. – também entram na conta. E se tiver aumento nos ganhos, os aportes mensais devem ser reajustados.
Negritei as palavras no mínimo porque quanto mais você investir (15%, 20%, 25% etc.) em relação a seus ganhos líquidos, melhor, pois dessa forma formará essa reserva mais rapidamente e poderá começar a investir para formar as outras para realização de projetos de vida e de sonhos, para viagens e para a aposentadoria ou independência financeira.
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Mas vou precisar fazer isso para sempre?
Investir deve ser para sempre, sim. Agora, a formação da reserva de emergência tem limite: seu montante deve corresponder a suas despesas mensais multiplicadas por 6 a 10 meses. Por exemplo, se suas despesas são de R$ 2.000,00, você precisará acumular de R$ 12.000,00 a R$ 20.000,00 para a reserva de emergência.
Essa variação de período (6 a 10 meses) depende de alguns fatores, como ser empregado em sistema CLT ou funcionário público. Nesses casos, por haver proteção trabalhista, o montante pode ser correspondente a 6 meses. Para profissional liberal, autônomo, empresário e PJ, que não tem qualquer proteção, o período precisa ser um pouco maior.
Mas essas recomendações não são cravadas em pedra e podem ser bem pessoais. Imagine se você ficar desempregado(a) ou perder seu ganho mensal, qual seria o melhor prazo para você se sentir tranquilo(a) para buscar uma nova colocação no mercado ou recomeçar sua carreira, tendo que cobrir suas despesas mensais?
Se neste momento da sua vida todo o seu ganho estiver comprometido com suas despesas, está mais do que na hora de fazer ajustes, cortar e, fundamentalmente, parar de fazer novas dívidas. Ou seja, é pagar o que deve e interromper a sangria para começar uma nova história financeira.
Onde investir para a formação da reserva de emergência
Existem algumas opções no mercado financeiro, mas o fundamental é entender que o investimento precisa ter liquidez, isto é, o dinheiro não pode ficar preso, com prazo de vencimento. O investimento deve permitir a retirada de qualquer valor, a qualquer momento, sem que você perca na rentabilidade. CDB com liquidez diária – que pague no mínimo 100% do CDI (ou da taxa DI) – e Tesouro Selic têm essa característica. Caderneta de poupança também, mas infelizmente a rentabilidade por ora está muito baixa (veja o motivo lendo o post Por que perder dinheiro investindo na caderneta de poupança?).
CDB e Tesouro Selic
Esses papéis renderão menos quando comparado a outros em que o dinheiro “fica preso” por um período mais longo, mas em compensação você não perderá nada do rendimento se precisar sacar. Outro aspecto importante é que o Tesouro Selic tem garantia do Governo Federal, enquanto o CDB tem a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até R$ 1 milhão, dividido em quatro instituições diferentes com o mesmo CPF (R$ 250 mil em cada uma) – para saber mais, acesse aqui o site do FGC.
Imposto de renda sempre incidirá sobre o rendimento se houver saque, com percentual variando conforme o prazo em relação ao depósito. Veja:
- Até 180 dias – 22,5%
- De 181 a 360 dias – 20%
- De 361 a 720 dias – 17,5%
- Acima de 720 dias – 15%
No Tesouro Direto também tem o desconto de 0,25% ao ano de taxa de custódia a partir de R$ 10 mil.
Por fim, não podemos esquecer do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que incide sobre o rendimento nos 30 dias seguintes à aplicação, de forma regressiva, sendo:
dia 1 | 96% | dia 2 | 93% | dia 3 | 90% | dia 4 | 86% | dia 5 | 83% |
dia 6 | 80% | dia 7 | 76% | dia 8 | 73% | dia 9 | 70% | dia 10 | 66% |
dia 11 | 63% | dia 12 | ¨60% | dia 13 | 56% | dia 14 | 53% | dia 15 | 50% |
dia 16 | 46% | dia 17 | 43% | dia 18 | 40% | dia 19 | 36% | dia 20 | 33% |
dia 21 | 30% | dia 22 | 26% | dia 23 | 23% | dia 24 | 20% | dia 25 | 16% |
dia 26 | 13% | dia 27 | 10% | dia 28 | 6% | dia 29 | 3% | dia 30 | 0% |
Precisamos falar sobre a inflação (IPCA)
Muitas pessoas não valorizam as perdas inflacionárias ao longo do tempo, mas esse “vazamento invisível” corrói o poder de compra diariamente. No bolso, percebemos que a quantidade ou que certos itens que comprávamos com determinado valor anteriormente não são mais possíveis de ser adquiridos porque os preços subiram. Com dinheiro investido não é diferente.
Por isso, é importante compensar a inflação em relação ao saldo da reserva de emergência, pois esse será um dinheirinho que ficará quase “imexível” ao longo dos anos porque só devemos nos lembrar dele em situações emergenciais.
Mas como fazer isso? Leia esse post, Como a inflação afeta o poder de compra e os investimentos, e descubra. Digamos que você escolha fazer a análise em relação à inflação anualmente, sempre em janeiro. Ao compensar a perda inflacionária do período – se isso for necessário – o seu dinheiro manterá minimamente o poder de compra à medida que o tempo passa. Agora, se inflação e rendimento ficarem iguais ou se o rendimento superar a inflação, não é preciso fazer nenhuma compensação.
Espero que essa explicação tenha ficado clara. Mas você pode assistir também no Instagram o passo a passo sobre o que você precisa fazer para não perder para a inflação – clique aqui.
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- Leia também: 6 dicas importantes sobre a reserva de emergência
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Escrito por Amandina Morbeck
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