Por que é tão difícil mudar de atitude em relação a gastos?

Desde que comecei a me interessar seriamente por finanças pessoais, comprometi-me a colocar em prática o que ia aprendendo, passei a compartilhar com pessoas próximas um pouco do processo e foi ficando cada vez mais claro o quanto, para a maioria, era difícil mudar de atitude em relação a gastos. E isso foi ficando cada vez mais evidente depois que comecei a ensinar mais gente.

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As afirmações eram e são quase sempre as mesmas: “Ganho muito pouco”, “Ah, não vou me sacrificar”, “Não sei nem se estarei vivo(a) amanhã…” e por aí vai. Para a primeira frase, uma questão simples: muito mais importante do que quanto se ganha é quanto e como se gasta; para a segunda, realmente serão necessários sacrifícios iniciais, principalmente se o saldo final mês a mês ficar no zero a zero ou negativo; e para a terceira, considerando a expectativa de vida do brasileiro acima de 75 anos, grandes são as chances de que vivamos até mais do que isso – e aí entra um ponto fundamental: adianta viver muito sem ter qualidade, sem meios para garantir bem-estar? Por que não começar hoje a investir para um futuro melhor sem necessariamente ter um presente super-restritivo?

Com o passar do tempo e os resultados positivos que resultaram das mudanças que implementei em minha vida, estruturei o Curso sobre Finanças Pessoais e Planejamento Financeiro (clique aqui para saber mais) para ajudar outras pessoas a olharem para o próprio orçamento com seriedade, planejarem, estabelecerem objetivos alcançáveis e trabalharem para conquistar a independência financeira (veja aqui o que significa).

No entanto, o que geralmente fica evidente é a dificuldade que têm para compreenderem que precisam abandonar velhos hábitos e adotar maneiras diferentes de lidar com a forma como gastam o que recebem mensalmente, independentemente do montante – menos quero e mais preciso, menos impulso e mais planejamento.

Muito mais que um simples orçamento

Nem todo mundo gosta de conversar sobre dinheiro, assim como muita gente tem dificuldade para lidar com números. Mas quando falamos sobre a elaboração de uma simples lista de ganhos e de gastos (orçamento), que pode ser feita numa folha qualquer ou num programa como Excel, a questão é bem mais ampla: é necessário ver a realidade financeira, pois sem isso é impossível promover qualquer mudança nas finanças pessoais; em outras palavras, é fundamental saber de onde vem e para onde vai o dinheiro no mês que se está vivendo e nos próximos 12 meses.

Com ele em mãos, é hora de encarar o resultado que os números mostram e fazer os ajustes necessários e bem-vindos para que seja possível eliminar dívidas, se for o caso, e poupar para realizar investimentos com objetivos definidos. Dessa forma, listar ganhos e gastos não é apenas para simples visualização, mas para transformação. Afinal, nenhum valor sai da conta-corrente sozinho, assim como nenhum cartão de crédito pula da carteira e entra na maquininha por conta própria (neste post escrevo sobre isso). É cada uma das escolhas no dia a dia que nos deixa mais ricos(as), mais pobres, na mesma, sempre endividados(as) ou pior: inadimplentes. Se você não sabe a diferença entre endividado e inadimplente, assista a esse vídeo onde falo sobre isso.

Tanto material disponível e tão pouco interesse

Há muitas informações disponíveis sobre finanças pessoais, bem como centenas de exemplos de pessoas que, sem nenhum parente rico, sem ganhar na loteria ou sem empregos milionários, conseguiram construir um patrimônio para lá de razoável.

Sei que pode ser um pouco difícil juntar todas as peças para montar o quebra-cabeça no mundo dos investimentos, por isso o curso que ofereço é tão útil, mas isso não significa que só alguém que paga por algo assim consegue mudar sua realidade financeira. Gastar menos do que ganhar e investir mensalmente pelo menos 10% do que receber são atitudes tão simples e tão importantes.

Não deixar nada para depois

Deixar de procrastinar, de buscar desculpas para permanecer no mesmo lugar é fundamental. Qualquer mudança requer que deixemos  aquela zona de conforto conhecida e aconchegante porque o novo é desconhecido e pode despertar insegurança, mas é preciso dar os primeiros passos para que a confiança no novo caminho seja construída.

Nosso cérebro quer recompensas imediatas e recusa-se a considerar prazos mais longos na roda da vida. Ele quer o aqui e o agora, por isso a importância de compreender que até que novos hábitos sejam adquiridos, haverá uma briga interna entre a pessoa que se é hoje e aquela que na qual nos transformaremos amanhã. Quando pensamos o futuro, devemos pensar que encontraremos um novo “nós” amanhã e que devemos nos preparar para cuidar dele. Pode ser um pouco difícil no começo, mas vale a pena fazer esse exercício porque não permaneceremos iguais com o passar do tempo. Novas necessidades surgirão à medida que envelhecemos, sem contar uma série de imprevistos que podem acontecer ao longo do caminho.

Tem gente que diz que é muito jovem para começar a cuidar das finanças, enquanto outro tanto diz que é muito velho para isso, que é tarde demais. Tratei sobre esse tema no post Idade como justificativa em finanças pessoais, pois a verdade é que nunca é cedo nem tarde para mudar de atitude em relação à forma como lidamos com dinheiro.

Saia da roda do consumo inconsciente

Se você está endividado(a) – pagando suas contas em dia sem ficar no vermelho ou se está inadimplente – sem conseguir cumprir com os compromissos, isso significa que não consegue poupar para investir. Pare um pouco e reflita se o problema não está na manutenção de atitudes consumistas, geralmente resultantes de impulsos, de dificuldade em dizer não, de busca por compensação emocional ou de se deixar convencer pelo marketing.

Consumo consciente é aquele em que há planejamento antes de qualquer aquisição, seja um bem, um serviço ou uma viagem. O mínimo gasto deve caber no orçamento. Dessa forma, não há necessidade de utilizar dinheiro que pertence a bancos ou a financeiras, que é o que acontece quando compramos à vista ou parcelamos no cartão de crédito, usamos cheque especial ou contratamos um empréstimo, saímos de lojas com um carnê ou pagamos com cheque pré-datado. Tudo isso são dívidas, evidências claras de que estamos vivendo acima das possibilidades. Pois quando você vivemos de acordo com um planejamento financeiro bem estabelecido, não há por que gastar antes de ter o dinheiro em mãos ou na conta-corrente.

Perca o medo de mudar a forma de lidar com suas finanças. Comece hoje mesmo. Você verá quão positivo são os resultados e como você viverá com mais tranquilidade.

Eu já estive nesse lugar de desconforto financeiro e nesse podcast, conto como mudei minha vida a partir de atitudes mais conscientes em relação aos meus gastos. Se não conseguir ouvi-lo no Spotify, pode acessar aqui também.

(Acesse aqui a lista com todos os posts publicados no blog do Você e seu Dinheiro.)

(Escrito por Amandina Morbeck)

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