- 06/05/2020
- Posted by: AmanMorbeck
- Categories: Educação financeira, Finanças pessoais, Planejamento financeiro
Entender como a inflação afeta o poder de compra e os investimentos é fundamental para proteger o patrimônio financeiro de perdas ao longo dos anos. Geralmente, quando o investidor vê o rendimento nominal de um ou mais ativos em sua carteira, esquece-se de “usar a lupa” para ampliar a visão e ver “a real”. Ou seja, sobre aquele resultado é preciso considerar o índice inflacionário e avaliar se, no final, o rendimento ganhou, ficou igual ou perdeu para ele.
O índice usado para cálculo da inflação é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que apura a variação média do custo de vida de famílias com renda mensal entre 1 a 40 salários mínimos em regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju. O levantamento considera 430 mil preços em 30 mil locais e faz a comparação mês a mês entre eles.
Até o presente, maior variação mensal do IPCA aconteceu em março de 1990, quando ficou em 82,39%, enquanto a menor foi em agosto de 1998, apurada em -0,51%.
Fórmula para encontrar o rendimento real
Para encontrar a porcentagem de maneira rápida, basta subtrair a inflação do rendimento nominal (5% – 3%= 2%), mas para resultado mais preciso existe uma fórmula matemática bem simples:
RENDIMENTO REAL = {[(1 + RENDIMENTO LÍQUIDO) / (1 + TAXA DE INFLAÇÃO)] – 1} x 100
Então, vamos a um exemplo: investimento X, prazo de 365 dias, taxa nominal de 5% ao ano e inflação de 3% ao ano. Aplicando a fórmula, teremos:
Rendimento real = {[(1+0,05)/(1+0,03)] – 1} x 100 –> 1,94%, ou seja, aquele 5% de rendimento, na verdade apenas 1,94% ficou acima da inflação – nesse exemplo fiz uma conta direta, sem considerar que em vários investimentos ainda há o desconto de imposto de renda sobre o rendimento também.
Destaco que, ao olhar no extrato do banco ou da corretora, você verá o rendimento referente aos 5% porque é você que precisa entender sobre a perda inflacionária. No exemplo que usei o resultado ainda foi positivo pro investidor, com 1,94% de ganho acima da inflação. Mas muitas vezes pode acontecer de ficar no zero a zero, sem ganho nem perda, ou no pior dos casos, no negativo – quando a inflação é maior do que o rendimento. Nesse caso, há perda no poder de compra – em outras palavras, o investidor perdeu dinheiro, ficou mais pobre.
Inflação = perda no poder de compra
Imagine uma situação hipotética na qual se podia comprar 3 kg de batatas em janeiro de 2019 por R$ 100,00. Em janeiro de 2020 o governo anunciou que a inflação do ano anterior foi de 4,31%. Agora, para comprar os mesmos 3 kg de batata serão necessários R$ 104,31, isto é, aqueles R$ 100,00 de um ano atrás perderam uma parte do seu valor e será preciso gastar mais para comprar a mesma coisa.
Outra situação para ilustrar: uma pessoa tem R$ 100,00 na caderneta de poupança e em 2019 o rendimento nominal foi de 4,34%. Só que a inflação no período foi de 4,31%. Utilizando a fórmula acima o resultado é bem desanimador: 0,03% de rendimento real. Ou seja, enquanto a pessoa “achou” que tinha ganhado R$ 4,34 sobre seu investimento, mas o que ela lucrou foi apenas R$ 0,03.
Só para você ver como inflação é cruel, de julho/1994 a julho/2019 (25 anos do Plano Real), a inflação acumulada foi de 508,23%. Ou seja, o que se comprava com R$ 100,00 naquela época, em 2019 foram necessários R$ 608,23 (em 202o, um pouco mais, claro). Agora, imagine seu dinheiro investido perdendo para a inflação…
Investir com conhecimento para ganhar de verdade
Espero que você tenha compreendido a importância de não negligenciar a inflação – nem qualquer outro abatimento, como imposto de renda e taxas – ao analisar seus investimentos. Dependendo do produto financeiro, pode ser que o resultado final fique negativo. Por isso a importância de buscar conhecimento ou contar com a consultoria de um profissional da área de finanças para te ajudar a buscar por ativos, dentro do seu perfil de investidor(a), para montar uma carteira de investimento diversificada em busca de rendimentos reais – acima da inflação. Claro que não há garantia que isso aconteça, mas na diversificação é possível buscar por compensações ao longo do tempo entre os papéis escolhidos.
Mas cuidado: muita gente acha que, para obter ganhos melhores a solução é ir correndo se arriscar de qualquer jeito na Bolsa de Valores. A Bolsa e seus ativos de renda variável não são o problema, mas acontece que muitas pessoas acham (geralmente na base do achismo mesmo) que só no máximo de risco na renda variável elas podem se dar bem no mundo dos investimentos, almejando ganhos mais altos, mas isso pode não se concretizar. Por isso, o fundamental é ter um bom planejamento financeiro, constância nos investimentos, conhecimento e, se possível, acompanhamento para não embarcar numa canoa furada acreditando que o dinheiro está crescendo simplesmente por estar “investido” aqui ou acolá.
Quero deixar um lembrete: a reserva de emergência deve ficar sempre em investimento com liquidez (CDB com liquidez diária que renda no mínimo 100% da taxa DI ou Tesouro Selic, por exemplo), sem grandes preocupações com ganhos altos. Nem por isso cabe qualquer descuido para ter um mínimo de compensação sobre o capital. Por isso, por ora esqueça a caderneta de poupança, que com taxa Selic abaixo de 8,5% ao ano renderá apenas 70% dela.
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Escrito por Amandina Morbeck
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