Ter um carro novo pra chamar de seu ou ter um por assinatura?

E aí, o que você prefere: ter um carro novo pra chamar de seu ou ter um por assinatura? Talvez você ainda não tenha ouvido falar sobre isso, mas carro por assinatura tem esquema similar ao de locação mensal, que pode ser feito numa locadora de veículos. Só que por assinatura o custo fica mais baixo por causa da fidelização (quem quer trabalhar com transporte de passageiros, como ocorre com a prestação de serviços via aplicativos – como Uber, Cabify, 99, Lady Driver etc. – é bom verificar antecipadamente, pois algumas empresas não permitem).

A grande novidade é que alguns players muito fortes – e não só as locadoras, que já haviam começado a oferecer essa opção – começam a entrar na disputa por consumidores para essa fatia do mercado. A oferta desse serviço não inclui convencimento, ou seja, o foco não está nas pessoas que preferem ter o carro em seu nome, arcando com suas despesas, e estão satisfeitas assim.

Qual é o público-alvo?

Novos consumidores que:

a. gostam de testar novidades e geralmente ainda não têm o próprio carro;

b. têm pouco ou nenhum sentimento de posse em relação a carro e o veem como utilidade, não como bem;

c. são mais racionais, fazem as contas e descobrem que podem ter carro novo a cada 1, 2 ou 3 anos (conforme contrato) sem precisar descapitalizar e pagar pelas despesas regulares (IPVA, licenciamento, seguro) e pelas manutenções;

d. querem se sentir mais tranquilos e despreocupados caso aconteça qualquer problema que precise deixar o carro numa oficina, sabendo que podem contar com um reserva a qualquer momento (de acordo com os termos da contratação);

e. querem ter um carro sempre novo, mas não conseguem pagar à vista nem querem financiar e pagar juros por meses a fio;

f. preferem preservar o capital e investi-lo, independentemente dos rendimentos mensais, e têm ganho suficiente para complementar a diferença em relação ao valor a ser pago mensalmente;

g. estão planejando mudança em breve e precisam de um carro para deslocamentos durante esse período. Nesse caso, mesmo que a pessoa tenha carro próprio, sabendo que não precisará dele no futuro, já pode negociar a venda e se livrar de um problema à frente.

Certamente que o mercado brasileiro está engatinhando nessa área, mas a expectativa é de crescimento. Se não houvesse essa perspectiva, por que montadoras começariam a investir nesse nicho?

Quem está nessa onda?

Locadoras de carros mais conhecidas, como Movida, Unidas e Localiza; outras menos conhecidas, como LM Frotas; a seguradora Porto Seguro; e as montadoras FCA (Fiat Chrysler Automóveis) com o projeto Flua!, Volkswagen com o VW Sign&Drive e a Renault com o On Demand (que tem o menor custo). A forma de contratação varia, dependendo da empresa. Há possibilidade de cadastro e escolha do carro diretamente pela internet ou por aplicativo de celular, mas há também as que pedem o cadastro, mas um representante faz contato posteriormente.

O consumidor pode escolher o veículo – econômico, esportivo, SUV, utilitário, sedan -, o prazo e o limite mensal de quilometragem. Quanto mais longo o período do contrato, mais baixa a mensalidade.

Vale a pena ou não?

É uma questão de fazer contas, ter perfil de desapego e ter como pagar as parcelas mensais. Pode ser vantajoso ter um carro novo a cada ano, por exemplo, sem precisar descapitalizar nem pagar todas as despesas que um carro gera (fora o consumo regular de combustível, que sempre será do dono ou do assinante).

E ainda tem a depreciação ao longo do tempo, sendo mais alta ou mais baixa dependendo da marca e do modelo, da conservação e também da quilometragem. Na média, carros desvalorizam em torno de 15% ao ano. Assim, um que custe R$ 60.000,00, no primeiro ano de uso passará para R$ 51.000,00; no segundo para pouco mais de R$ 43.000,00 e assim sucessivamente.

Simulação e cálculo

Simulei no site da LM Frotas escolhendo um HB20S Vision por 24 meses e 1.000 km mensais e a mensalidade sai por R$ 1.403,00. No mercado, esse carro 0 km custa R$ 53.000,00. Já no site do Flua!, uma Strada Freedom cabine simples, também por 24 meses e 1.000 km mensais, sai por R$ 1.630,00 e ela custa R$ 69.500,00. A localização para o aluguel também conta, pois dependendo da cidade o serviço não está disponível. Nas simulações, utilizei a cidade de São Paulo.

Façamos as contas com o valor do HB20S, de R$ 53.000,00. No ano, IPVA, licenciamento e seguro ficam em torno de R$ 5.000,00 + manutenções periódicas que resultem em R$ 1.200,00 anuais –> R$ 6.200,00 x 2 anos = R$ 12.400,00. No plano de assinatura por 24 meses, temos: R$ 1.403,00 x 24 =  R$ 33.672,00.

Só que desse valor precisamos descontar R$ 12.400,00, que, como mostrei, é o que seria de despesa no período para quem o próprio carro. Assim: R$ 33.672,00 – R$ 12.400,00 = R$ 21.272,00. Esse valor agora é dividido por 24 para encontrarmos o valor real do seu gasto com a assinatura: R$ 886,33.

Ou seja, se você tiver R$ 53.000,00 e, em vez de comprar o carro à vista, investir a 0,8% ao mês (não será na renda fixa, claro), terá R$ 424,00. Para complementar o plano de assinatura, terá de dispor de R$ 462,33 e manterá o capital preservado – e ainda precisamos considerar que a cada ano o proprietário de um carro terá um valor cada vez menor naquele objeto.

Por fim, com a assinatura é possível ter um carro novo a cada período de tempo com zero de preocupação e com mais liberdade. Mas o que vai determinar mesmo o sucesso desses projetos será sempre o perfil do consumidor.

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Escrito por Amandina Morbeck

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    1 comentário

    • Rodolfo Zimmer

      Ótima analise! Os principais directors para uma decisão tranquila foram abordados. Creio que a modalidade de compartilhamento, com “locações” de curtos períodos, também seria bem vinda.

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