Inflação em 2020 atingiu 4,52%

A inflação em 2020 atingiu 4,52%, resultado fora da meta do governo (que era de 4%) e a mais alta desde 2016 (quando chegou a 6,29%). Chamamos de “inflação oficial” o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado e divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que leva em conta a variação de preços para famílias com ganhos entre 1 e 40 salários mínimos (de R$ 1.045,00 a R$ 41.800,00 até dezembro).

Pandemia versus inflação

Quando a pandemia começou a fazer estragos na economia mundial, o IPCA chegou a apresentar resultado negativo em alguns meses e a previsão era de que no final ele ficaria abaixo da meta definida pelo Banco Central. Isso não se concretizou porque, a partir de meados do ano passado, houve aumento na demanda por itens básicos e, com o dólar subindo, o preço dos alimentos também disparou. Para completar o quadro, o auxílio emergencial deu suporte para o aumento no consumo da população.

Alimentos e bebidas pesaram bastante, resultando em média de 14,09% de alta. Individualmente, alguns itens tiveram alta acumulada assustadora ao longo do ano, como arroz (76,01%) e óleo de soja (103,79%). Energia elétrica e artigos residenciais (equipamentos, eletrodomésticos, som e informática, por exemplo) também contribuíram significativamente, ao passo que transportes foi responsável por apenas 1,03% porque o preço da gasolina teve resultado negativo de -0,19%.

No fim das contas, alimentação e bebidas, habitação e artigos de casa foram responsáveis por 84% da inflação em 2020.

Lembre-se sempre que a inflação é corrosiva e perder para ela significa que seu poder de compra está menor. Apenas para ilustrar: se você conseguia comprar algo que custava R$ 1.000,00 em janeiro de 2020, agora você precisa (oficialmente) de mais R$ 45,20 para adquirir o mesmo produto.

Como ficam os investimentos

Em relação ao dinheiro poupado e investido, o cuidado não poderia ser diferente. Independentemente de você ter investimento num ativo ou uma carteira diversificada, com a divulgação da inflação de 2020 é hora de você sentar e analisar o que aconteceu com seu dinheiro nesse último ano. Será que ele ganhou, empatou ou perdeu para ela?

Digamos que você tenha R$ 1.000,00 num CDB que pagou 100% da taxa DI (1,90% a.a.) em 2020. Você fechou o ano com R$ 1.019,00. Mas com inflação de 4,52%, o que aconteceu? Embora esses R$ 19,00 a mais apareçam no seu extrato, ele não repôs nem a inflação que, como vimos, corroeu R$ 45,20 do seu poder de compra. Dessa forma, você está R$ 26,20 mais pobre.

Você pode até pensar: “Ah, tá, vou me preocupar muito com R$ 19,00 ou se estou R$ 26,20 mais pobre”. Bom, usei um exemplo bobinho de R$ 1.000,00, mas se o investimento for de R$ 100.000,00 ou de R$ 1.000.000,00, então dói mais, não? Porque aí estaremos falando de rendimento nominal x perda real bem mais expressivos – R$ 2.620,00 e R$ 26.200,00, respectivamente, de corrosão no poder de compra mesmo com R$ 1.900,00 e R$ 19.000,00 de rendimento nominal para esses valores.

Por isso, a importância de nunca olhar rendimentos apenas em relação ao valor nominal que aparece no extrato, de procurar por conhecimento em relação às finanças e ao mercado financeiro, buscar diversificação para ter uma carteira de investimentos balanceada com ativos diferentes e de acordo com seu perfil e, se não conseguir caminhar sozinho(a) nessa estrada, contar com ajuda profissional.

(E se seu dinheiro estiver na caderneta de poupança nova [a partir de junho de 2012], a perda foi muito pior, com a pior rentabilidade em 18 anos… – leia aqui: Poupança perde para a inflação em 2020 e tem pior rentabilidade em 18 anos.)

Hora de ajustar aportes mensais e reserva de emergência

Se você reserva R$ 1.000,00 mensais para seu(s) investimento(s) todos os meses, a partir deste mês esse valor deve ser de R$ 1.045,20, ou seja, você precisa repor a inflação, independentemente do rendimento que você teve no ano passado. E será esse o novo valor ao longo de 2021.

Se você já atingiu o valor necessário para sua reserva de emergência, de forma que ela não precise mais de aportes mensais, é necessário corrigir o saldo dela também. Digamos que sua reserva seja de R$ 6.000,00 e está no Tesouro Selic ou no CDB de liquidez diária. Se com o rendimento do ano passado ela está em R$ 6.100,00, por exemplo, você faz um aporte único de R$ 275,72 (R$ 6.100,00 x 4,52%) e repõe a inflação, contribuindo para manter o seu poder de compra no mínimo necessário. Isso deve ser feito todo mês de janeiro após a divulgação da inflação do ano anterior e fará uma grande diferença ao longo do tempo.

Então é isso. Espero que essas informações sejam úteis e aproveito para lhe desejar um ano próspero.

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Escrito por Amandina Morbeck | Imagem: Reprodução/Sebrae

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