O cartão de crédito nunca sai de sua carteira sozinho

O maior “vilão” para o endividamento pessoal e familiar é o cartão de crédito, esse pedaço de plástico com seus dados que – surpresa!!! – nunca sai de sua carteira sozinho. Faço esse comentário porque muitas vezes ouço as pessoas dizerem que “não sabem por que ficam endividadas”. Quando perguntadas sobre qual é sua maior dívida, a resposta é quase sempre a mesma: compras parceladas no cartão de crédito. É importante ressaltar que, independentemente de a fatura ser paga em dia ou não, o fato de você realizar qualquer pagamento com cartão de crédito (ou seja, com dinheiro que não tem) já mostra que você está vivendo fora de sua possibilidade econômica, pois para finalizar a compra utilizará o dinheiro de uma instituição de crédito pelo qual terá de pagar depois. Em outras palavras, está se endividando.

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Como diz uma amiga minha, ao contrário do dinheiro em papel, “dinheiro de plástico não dói”, por isso é tão fácil gastar – pense na diferença psicológica que acontece quando você tira R$ 100,00 da carteira para pagar qualquer coisa e quando simplesmente entrega o cartão. Pode ser que com aquele pedaço de plástico você não sinta que está “realmente gastando” – um dos truques mentais para te convencer de que você não é tão consumista assim – ou que tem superpoderes e, mesmo com outros débitos para pagar, “algo” vai acontecer e fazer com que o dinheiro que precisa apareça de algum lugar – e não que você tem a obrigação de controlar seus gastos em relação aos seus ganhos.

Quando comecei a mudar minha vida financeira, uma das primeiras coisas que fiz foi tirar o cartão de crédito da carteira e deixá-lo guardado em casa para não correr o risco de voltar ao velho hábito de comprar por impulso, de gastar o que não estava no planejamento.

76,4% de famílias endividadas por causa do mau uso do cartão de crédito

Publicada na seção de Economia do portal IG em 4/4/2018, pesquisa feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que 25,2% da população brasileira tem problemas financeiros (dívidas ou contas em atraso) e o responsável por 76,4% do endividamento é o bendito cartão de crédito.

Infelizmente, mesmo com esse percentual alto, muitas pessoas continuam a fazer compras parceladas ou não e a comprometer uma parte significativa dos ganhos, chegando a 50% do que recebem! Sem conscientização pessoal para parar os gastos, estabelecer um plano para quitação das dívidas e escolher um novo direcionamento para equilibrar as finanças e se transformar em investidora, ninguém poderá fazer isso pela pessoa. Endividar-se ou não é mais uma das muitas escolhas que fazemos na vida.

Por isso, não faz sentido algum o “susto” que algumas pessoas dizem ter quando recebem a fatura do seu cartão de crédito, como mostra essa matéria do Valor Investe.

Esforço e comprometimento para mudar

Mudar de atitude em finanças pessoais requer esforço, principalmente no início, e muito comprometimento. Mas quando os resultados positivos começam a aparecer, a vontade de continuar nesse caminho torna-se bem maior diante de uma nova realidade que é bem mais recompensadora, pois nos traz tranquilidade e a certeza de presente e futuro bem melhores.

Por isso, cada vez que você for fazer um gasto desnecessário ou for comprar algo sem ter o dinheiro reservado para isso, dê uma parada estratégica e avalie conscientemente sua situação. Não tome qualquer decisão sem refletir seriamente nas consequências que ela pode desencadear. Afinal, como eu disse no início deste post, o cartão de crédito nunca sai de sua carteira sozinho. E essa é apenas uma das muitas formas de endividamento, que incluem também carnês, cheque especial, financiamentos, empréstimos e vales na empresa.

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(Escrito por Amandina Morbeck)

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