Casais cometem menos erros quando ambos cuidam das finanças

Ano passado, li um artigo escrito por Carol Sandler sobre o quanto os casais cometem menos erros quando ambos cuidam das finanças – e a porcentagem de bem-sucedidos é de cair o queixo: 93%! De acordo com a autora, esse dado foi levantado por meio de uma pesquisa feita pelo banco suíço UBS, e também mostrou que, no mundo, “74% das mulheres tiveram uma surpresa financeira negativa quando se divorciaram ou ficaram viúvas”. Esse é um dado assustador, obtido em conversas com 3.700 mulheres, pois mostra como as finanças do casal podem ser bem diferentes daquilo que um dos parceiros, geralmente o homem, deixa transparecer.

Finanças pessoais não é “assunto só de homem”

Embora na pesquisa 82% das entrevistadas acreditasse que o marido entendia mais sobre investimento de longo prazo, essa é uma ilusão perpetuada talvez por pertencermos a sociedades machistas que ainda reforçam que o “patriarca” precisa ser o provedor e o responsável pelo dinheiro da família – principalmente se ele ganhar mais do que mulher, mas isso permanece mesmo que a mulher trabalhe e ganhe tanto ou mais do que ele.

Nos cursos que ministro – e os participantes são de ambos os sexos – não há diferença em relação ao desconhecimento sobre finanças, planejamento financeiro e investimentos. Sem contar que quando as coisas vão bem a família inteira se beneficia, mas quando vão mal, todos padecem e, muitas vezes, são pegos de surpresa com a necessidade de restrição ou com a descoberta de dívidas – geralmente, após a morte do cônjuge, como aconteceu com uma amiga minha anos atrás.

Portanto, é fundamental que os assuntos financeiros sejam tratados com abertura e a sinceridade necessárias, envolvendo casal (e filhos, quando for o caso) em prol de um objetivo maior e que seja positivo para todos.

Envolva-se na história financeira de sua família

Não tem problema algum delegar responsabilidades financeiras entre o casal, mas é muito importante haver acompanhamento e discussão saudável a respeito do dinheiro que entra e que sai no dia a dia e para os projetos familiares e pessoais. Entender sobre finanças é uma necessidade para todas as pessoas, independentemente do quanto ganham, onde trabalham, o que estudaram (veja aqui sobre o Curso sobre Finanças Pessoais e Planejamento Financeiro que ensino).

O que diferencia os projetos familiares dos pessoais? Por exemplo, fazer uma pós-graduação é um projeto pessoal que tem custo e que vai impactar no orçamento familiar; a compra ou a troca da casa ou do apartamento é um projeto familiar que tem custo e que também vai impactar no orçamento familiar. Tanto um quanto o outro precisam estar contemplados no orçamento e no compartilhamento do casal.

Se a mulher ou o marido mantiver o discurso de que não se interessa por planejamento financeiro e por investimentos, um ou outro também se coloca numa situação de dependência e de vulnerabilidade ou deixa o outro sobrecarregado com a obrigação de cuidar das finanças sozinho, em vez de os dois compartilharem responsabilidades.

Mais envolvimento, menos erros quando o casal cuida das finanças

Como informado no começo do texto, 93% dos casais afirmam que cometem menos erros quando os dois cuidam das finanças. Isso é maravilhoso! Por experiência próprio, posso confirmar o quanto isso é positivo. Além da queda no estresse e do aumento na confiança entre as duas pessoas, elas passam a ter a mesma responsabilidade sobre a gestão financeira, ou seja, saberão exatamente onde estão pisando, o que querem construir juntas e como isso será direcionado em meio aos planos e aos sonhos.

Dinheiro existe para trazer tranquilidade e não para tirá-la, para provocar brigas e afastamentos. O melhor é conversar sobre ele o quanto antes, de forma civilizada e com ambos comprometendo-se a fazer acontecer o que for acordado. Não há necessidade de viver sob restrição controlada desde que no orçamento estejam bem definidos os ganhos e os gastos, incluindo aqueles que são comuns à família, os investimentos que optarem por realizar e o que cada um pode retirar (como uma mesada) para suas despesas pessoais – inclua-se aí saídas com amigos, por exemplo, independentemente do outro.

Faça o teste e veja o resultado em sua dinâmica familiar. Se o parceiro ou a parceira disser que não quer conversar sobre o assunto, não perca a paciência. Explique o porquê de sua preocupação com o assunto e, se for o caso, elabore o orçamento familiar para o mês vigente e para o que vem nos próximos meses e o(a) chame para mostrar e ver como podem, juntos, tornar a realidade financeira da família muito mais próspera.

Importante: embora os pronomes no post tenham sido masculino/feminino para facilitar a escrita, um casal pode ser constituído por duas mulheres ou por dois homens ou por quem não se define em nenhuma categoria. O que conta mais nesses casos é perceber se um dos dois participantes do relacionamento tem um papel mais dominante quando se trata das finanças.

(Acesse aqui a lista com todos os posts publicados no blog do Você e seu Dinheiro.)

Escrito por Amandina Morbeck

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