Comprar em parcelas mensais que cabem no bolso – por que não fazer isso?

É tão simples e fácil comprar em parcelas mensais que cabem no bolso, não é mesmo? Basta ter um cartão de crédito e pronto, a mágica está feita! Mas a verdade é que não existe nada de mágico nisso e qualquer tipo de parcelamento significa endividamento. Além disso, geralmente uma pessoa não tem apenas uma parcela para pagar, mas uma somatória de pequenas parcelas que resulta num montante muitas vezes considerável. Por que isso acontece? Porque normalmente ela não tem controle financeiro, o que poderia ser feito facilmente numa planilha, num livro-caixa ou numa simples folha de papel listando entradas e saídas de dinheiro – sempre para 12 meses.

Comprinhas, comprinhas e mais comprinhas

Colocar no diminutivo não ameniza o impacto que o descontrole financeiro pode causar no orçamento individual e/ou familiar. Tenho amig@s que adoram comprar em parcelas, geralmente com a mesma justificativa: “Ah, mas eu precisei. Ia fazer o quê?”.

Vamos a um exemplo com a solução ideal: celular que não estava mais funcionando direito e parou de vez. Realmente, nos dias de hoje eu diria que é impossível viver sem um. Mas quem tem reserva de emergência em formação ou já formada não precisa recorrer a parcelamento para compra de um novo. Por quê? Porque esse é um evento imprevisto, pois o aparelho não manda recado antes de cair e se espatifar ou travar de vez. Assim, se a troca não estava programada (imprevisto), a solução é retirar o montante necessário dessa reserva para a compra de um novo, pagar à vista (pode não ser o aparelho dos sonhos naquele momento, mas o que é possível comprar sem endividamento) e, com o mesmo comprometimento, repor depois o valor que foi retirado.

Mesmo exemplo acima, mas com a solução escolhida pela maioria: zero de reserva de emergência, outro(s) parcelamento(s) existente(s) no cartão de crédito, compra de um aparelho top de linha em parcelas a perder de vista – acrescentando mais uma para a lista – e o relato alegre e confiante como se tivesse feito o melhor negócio do mundo.

E daqui a pouco vem outra coisa e depois outra e assim vai. E “sem que a pessoa perceba”, o salário começa a não dar mais para cobrir os gastos e, infelizmente, pode ser que outras emergências ocorram ao longo do caminho, muitas vezes obrigando-a a recorrer a empréstimos para pagar o que precisa. De acordo com o consultor financeiro Reinaldo Domingos, 90% das pessoas não têm controle sobre seus gastos. É assustador!

Ser consumidor x ser consumista

Por muitos e muitos anos da minha vida eu agi assim, comprando sem controle, fazendo contas “de cabeça” e fingindo sustos cada vez que a fatura chegava. Se fosse possível voltar no tempo eu certamente teria vivido uma história diferente e hoje já poderia ser independente financeiramente.

Ofertar produtos a prazo é uma tática planejada e muito bem-sucedida para estimular o consumo. Porque a questão básica não é “não consumir”. Por natureza, já somos  consumidores antes de mesmo de nascermos e depois precisamos de um monte de coisas para viver. Mas há uma diferença muito grande entre ser consumidor e ser consumista. Comprar o que é necessário com planejamento financeiro e com responsabilidade em relação às finanças é uma coisa; outra, é não fazer contas porque, afinal, a parcela cabe no bolso.

Fuja dessa prática! Foque em poupar e investir. Com sua reserva de emergência formada você não precisará se preocupar com eventos inesperados, pois eles serão rapidamente solucionados se e quando acontecerem. Depois dessa etapa, os investimentos para suas necessidades e seus sonhos de curto, médio e longo prazos virão naturalmente, pois você aprenderá o verdadeiro valor do dinheiro, que existe para trazer tranquilidade  e liberdade de escolha.

Leia também: O cartão de crédito nunca sai de sua carteira sozinho.

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Escrito por Amandina Morbeck | Foto: energepic.com/Pexels

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