iPhone 13 custa 6 meses de trabalho com salário mínimo no Brasil

Objeto de desejo de muita gente, o recém-lançado iPhone 13 mantém o tradicional preço lá nas alturas e o modelo mais barato (iPhone 13 mini com 5,4 polegadas e 128 GB) custa 6 meses de trabalho com salário mínimo (R$ 1.100) no Brasil: R$ 6.599. Isso, claro, considerando que o trabalhador não fará outra coisa com o que recebe, ficando sem comer, sem sair de casa, sem pagar qualquer despesa, o que é impossível.

Enquanto isso, nos Estados Unidos, o país em que 50% da população usa iPhone, o custo de US$ 699, com a hora de trabalho no mínimo de US$ 7,25, o mesmo modelo pode ser adquirido em 12 dias com jornada de 8 horas diárias. Isso sem falar que o aparelho pode ser pago em parcelas de US$ 29 no cartão de crédito oferecido pela Apple (não recomendo ninguém fazer dívida, principalmente para adquirir um smartphone, mas não posso deixar de fornecer informações). No Brasil, a fabricante abocanha apenas 14% do mercado.

Os preços no Brasil

No site da Apple brasileira ainda não há disponibilidade* para compra e os dois modelos básicos anunciados são o iPhone 13 mini (tela de 5,4 polegadas) a partir de R$ 6.599 e o iPhone 13 (tela de 6,1 polegadas) a partir de R$ 7.599. Logo abaixo na tela é possível visualizar preços mais altos dependendo da capacidade de armazenamento, variando de 128 gb até 512 gb. A pré-venda está programada para ser iniciada no dia 13 deste mês e essa velha estratégia de deixar alguns países para depois do lançamento em outros mercados mais relevantes parece instigar ainda mais o desejo das pessoas pelo produto.

*Atualização: desde 22/10/21 todos os modelos estão disponíveis para compra no site da Apple.

Inovar e seduzir

Faz parte do capitalismo as empresas estimularem o consumo para se manterem lucrativas e financeiramente saudáveis, por isso a cada novo lançamento de qualquer produto é preciso alardear inovações para despertar o desejo nos consumidores, para seduzi-los. Não há nada de errado nisso. O problema surge quando as pessoas se endividam para adquirir algo que muitas vezes nem precisam, como é pode ser caso de cada novo iPhone, geralmente associado a status, a “mostrar” para outras pessoas.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no primeiro trimestre de 2020 mostram que a renda média no Brasil era de R$ 2.398 (veja aqui) – e esse valor caiu com o avanço da pandemia e o aumento do desemprego. Como pensar em adquirir um produto que custa mais de R$ 6.000, que é caro até para quem tem ganho mais alto? Certamente que se houver planejamento financeiro, priorizando os gastos para o que é mais relevante e programando de forma consciente para outras aquisições não tão necessárias, é possível consumir de forma mais consciente. Só que infelizmente nem sempre é o que a maioria faz, como mostra o percentual de endividamento no Brasil, que alcançou a marca de 74% de brasileiros em setembro deste ano.

A pandemia apenas intensificou o endividamento e a inadimplência

Não há por que culpar a pandemia pelo endividamento dos brasileiros, pois esse índice já era alto bem antes dela. Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) mostram que de 2010 a 2020 o percentual de endividados variou de 59,1% a 66,5% – ano após ano, só aumentando. No mesmo período, o de pessoas com contas atrasadas ficou entre 24,9% e 25,5% e sem possibilidade de pagar as contas, entre 8,9% e 11%. E qual o vilão número 1 tanto para quem ganha até 10 salários mínimos como para quem ganha acima disso? O “marvado” cartão de crédito…

É tão fácil fazer dívida, não? É só entregar o cartão de crédito ao vendedor e informar o número de parcelas que quer pagar. Dá uma sensação de poder ao fazer isso? Pois é, o problema é o depois quando a fatura chega e o total a pagar, quando todas as compras são somadas, causa espanto. Por isso que uma das formas de controle das finanças é tirar o cartão de crédito da carteira até que o equilíbrio financeiro seja atingido. Inclusive, um dos posts que recomendo a leitura é este: O cartão de crédito nunca sai de sua carteira sozinho.

Educação financeira é para ontem

Tudo isso mostra como a educação financeira e o conhecimento sobre finanças pessoais são fundamentais para mudar esse cenário de tantas pessoas vivendo no limite ou acima do limite orçamentário, sem controle e consumindo acima de suas possibilidades por não terem aprendido a refletir sobre desejo e necessidade na hora de gastar. Isso não significa que os desejos não tenham valor, mas eles podem ser controlados e, dentro de um planejamento financeiro bem feito e com pés no chão, ser realizados sem impulsividade.

Comecei este post falando sobre o iPhone como gancho para ampliar a discussão em relação às formas de consumo e ao endividamento. Espero que tenha sido útil e que você reflita sobre outras áreas da sua vida e faça as mudanças necessárias para conquistar a tranquilidade financeira que só depende de você. Leia aqui sobre a importância do planejamento financeiro para conquista de presente e futuro bem melhores.

(Acesse aqui a lista com todos os posts publicados no blog do Você e seu Dinheiro.)

Escrito por Amandina Morbeck | Foto: Divulgação

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