Qual é a relação entre taxa Selic e inflação?

Entender a relação entre taxa Selic e inflação é muito importante porque somos afetados diretamente no bolso e nos investimentos por ambas. Para facilitar o entendimento, vamos ver sobre elas abaixo.

Taxa Selic

Selic é a sigla para Sistema Especial de Liquidação e Custódia, por meio do qual instituições financeiras vendem ou compram títulos que o Tesouro Nacional repassa ao Banco Central (BC). A quantidade de títulos em circulação regula a quantidade de dinheiro na economia e é o principal instrumento do BC para controle da inflação.

Conhecida também como a taxa básica de juros da economia brasileira, serve de base para as demais taxas de juros cobrados em operações de crédito, bem como para remunerar títulos públicos e determinados investimentos em renda fixa. Ela é definida ao longo do ano em oito reuniões realizadas pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.

Se há aumento na Selic, isso significa que o dinheiro fica mais caro, o que impacta nos juros do cartão de crédito, do cheque especial, de financiamentos e de empréstimos. Com isso, há desaquecimento da economia por causa da queda no consumo, o que resulta também na queda inflação. Por outro lado, porque esse aumento faz com que a rentabilidade de papéis na renda fixa e em títulos públicos fique mais alta, o olhar do investidor se volta mais para investimentos. Inclusive, esse aspecto atrai mais recursos estrangeiros.

Se há queda na Selic, ocorre o oposto: o dinheiro fica mais barato, há aumento no consumo, com movimentação e crescimento da economia, e isso provoca alta na inflação e retirada de recursos estrangeiros.

O desafio é sempre encontrar o equilíbrio para que a Selic não fique tão alta a ponto de provocar uma desaceleração no consumo (desaquecimento na economia), nem tão baixa a ponto de resultar em aceleração do consumo (aquecimento da economia), resultando em inflação.

Existe uma média da Selic que é neutra, ou seja, que mantém consumo e demanda em equilíbrio? De acordo com economistas, sim: 6,5% ao ano.

Inflação

A inflação no Brasil tem como referência o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), cuja pesquisa é feita mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 1980. Ele é utilizado como a inflação oficial anunciada pelo governo, reconhecida pelo mercado e sentida no bolso. Para determiná-la, esse órgão acompanha a variação de preços de uma cesta de produtos – em nove categorias – no orçamento de famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos.

Categorias pesquisadas e seus respectivos percentuais:

  • Alimentação e bebidas (23,12%)
  • Transportes (20,54%)
  • Habitação (14,62%)
  • Saúde e cuidados pessoais (11,09%)
  • Despesas pessoais (9,94%)
  • Vestuário (6,67%)
  • Comunicação (4,96%)
  • Artigos de residência (4,69%)
  • Educação (4,37%).

O levantamento do IBGE para encontrar o IPCA é realizado em 13 áreas urbanas do Brasil (Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, São Paulo, Distrito Federal, Goiânia e Campo Grande) e engloba aproximadamente 430 mil preços em 30 mil locais diferentes. Os preços apurados são comparados com os do mês anterior e o resultado mostra qual foi a variação no período.

Inflação pessoal x inflação oficial

Os produtos e os serviços que cada pessoa ou cada família consome regularmente podem ser diferentes da média de consumo da população brasileira. Por isso, o índice pessoal de inflação pode ser mais alto ou mais baixo do que o IPCA.

Como assim? Se na sua casa não há consumo de carne vermelha e o trabalho é realizado em home office, o índice de inflação não será o mesmo na comparação com outras famílias que têm esse hábito alimentar e que precisam se deslocar para o trabalho diariamente.

Como somos afetados pela inflação

O impacto está em:

a) reduzir o poder de compra do nosso dinheiro, de forma que, se subir, os preços precisam ser corrigidos e o real, sem conseguir acompanhar essa evolução, sofre desvalorização. Assim, para comprar os mesmos produtos nas mesmas quantidades, será necessário mais dinheiro. E a triste realidade é que a correção salarial raramente supera a inflação; e

b) tornar a rentabilidade dos investimentos positiva (se superar a inflação), neutra (se empatar com ela) ou negativa (se ficar abaixo dela). É possível perder dinheiro mesmo quando a pessoa acredita que está investindo? Certamente! Por isso a importância de entender sobre isso e aprender a calcular a rentabilidade real dos investimentos. Falei sobre isso também neste vídeo publicado no Instagram.

A questão básica é que inflação não é positiva em nenhum cenário. Mais um motivo para você se preocupar com o impacto dela no seu bolso e também cuidar bem dos seus investimentos para que, ao longo do tempo, a média dos rendimentos de sua carteira fique acima dela.

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Escrito por Amandina Morbeck | Foto: Reprodução

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