R$ 24,2 bilhões em tarifas bancárias de janeiro a setembro de 2019

Apenas quatro bancos grandes brasileiros (Itaú, Banco do Brasil, Bradesco e Santander) faturaram R$ 24,2 bilhões em tarifas bancárias em 9 meses deste 2019! É muita grana, não? Você faz parte da carteira de clientes dessas instituições, deixando em média R$ 82,47 por mês para eles?

Essa cifra não saiu da cartola de ninguém. Ela foi calculada a partir dos balanços que esses bancos enviaram à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) até 30 de setembro passado, quando foi encerrado o terceiro trimestre do ano. Ou seja, até dezembro, se simplesmente fizermos uma média pelo que já foi, mais R$ 8 bilhões deverão ser somados, totalizando mais de R$ 30 bilhões.

De onde vem tanto dinheiro?

Os bancos não contam exatamente o valor que cobram sobre cada serviço, mas entre eles estão taxas de movimentação de conta bancária, anuidades de cartões, rendas de corretagem, cadastro para operações de crédito, transferência de recursos (DOCs e TEDs) etc.

Mais um dado interessante: nesses 9 meses a receita com tarifas cresceu 7,1% quando comparada com o valor do mesmo período em 2018 (que foi de R$ 22,6 bilhões), enquanto a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) variou 2,89%. Nada mal esse lucro.

O que corresponde a cada banco

  • Itaú Unibanco: R$ 9,83 bilhões (+ 5,25% em relação ao mesmo período de 2018)
  • Banco do Brasil: R$ 5,75 bilhões (+ 6%)
  • Bradesco:R$ 5,73 bilhões (+ 7,5%)
  • Santander: R$ 2,86 bilhões (+ 15,4%)

Observe o salto em relação ao mesmo período de 2018. Será que os clientes desses bancos tiveram pelo menos o mesmo rendimento em seus investimentos de renda fixa, por exemplo?

O cliente fica mais pobre, enquanto o banco fica mais bilionário

Porque essas tarifas estão subindo mais que a inflação (beeeeem mais), é uma despesa que está afetando a renda de quem paga por elas. Dados do IBGE mostram que as despesas dos brasileiros com serviços bancários alcançaram 1% dos orçamentos familiares em 2017 (infelizmente os dados são de dois anos atrás, mas dá para deduzir que essa porcentagem já deve estar mais alta também em 2019), um aumento de 150% na comparação com pesquisa de 2008, quando ela correspondia a 0,04%.

Os bancos têm… ahã… “justificativa”

  • A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirma que os bancos seguem as regulamentações do Banco Central no que se refere às cobranças que podem ou não ser feitas dos correntistas.
  • O Banco do Brasil disse que o reajuste médio aplicado no preço dos serviços permanece um dos menores praticados no mercado.
  • O Itaú disse que prefere considerar um levantamento mais amplo, que inclua outras fontes de receita, como seguros e gestão de recursos. Nessa conta, a receita de serviços do banco cresceu 3,8% este ano, atingindo R$ 31,8 bilhões.
  • O Santander disse que o aumento da base de clientes ativos, de 11%, e a maior interação deles com os serviços do banco, levaram ao incremento das receitas com tarifas.
  • O Bradesco disse por meio da assessoria de imprensa, que não teria porta-voz para atender à solicitação.

Há solução: bancos digitais com tarifa zero ou bem mais baixas

A primeira parte para a solução muitas vezes depende de uma atitude bem simples do cliente: negar-se a continuar participando desse sistema e escolher mudar o referencial. Eu não pago tarifas bancárias há quase dois anos e nada mudou em minha vida o fato de ter riscado Itaú e Banco do Brasil dela. Tenho contas pessoa física e pessoa jurídica no Banco Inter, no Sofisa Direto, no Original, no Daycoval e no Next na Medida (antigo Next na Faixa, que por sinal é do Bradesco). A deficiência de um é compensada no outro, mas nunca tive problema e estou muito contente com minha decisão.

É o que também diz o diretor presidente do Guiabolso, Thiago Alvares, que também é diretor da Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD):  “As pessoas podem fugir dessas tarifas pesquisando por opções gratuitas. Hoje em dia há muitas fintechs que oferecem contas digitais gratuitas com bons pacotes de serviços, como saques, transferências e por aí vai”.

Já perdi as contas das vezes em que sugeri às pessoas – além dos meus alunos no Curso sobre Finanças Pessoais e Planejamento Financeiro – para procurarem outra solução, pois não conheço uma que não reclame do que pagam aos grandes bancos. Infelizmente, algumas continuam no mesmo lugar. E é tão, mas tão simples abrir uma conta nessas fintechs! Mas como sempre digo, não adianta querer resultados diferentes fazendo tudo do mesmo jeito.

E você, ainda paga tarifas bancárias?

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(Escrito por Amandina Morbeck)

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