Recompensas fora de hora podem se transformar em pesadelo em finanças pessoais

Recompensas fora de hora… quem nunca se deu algumas ou continua fazendo isso sem nem pensar muito? Sabe aqueles mimos que nos damos mesmo sem ter mais de onde tirar dinheiro ou tirando de onde não pode, com a conhecida justificativa “Ah, eu mereço, trabalho demais…”? Sempre nos acharemos merecedores de tudo que for prazeroso, mas o problema é que na maioria das vezes essas ações impensadas para acalmar uma mente frenética e sempre em busca de gratificação imediata podem resultar em aumento de dívidas e levar os sonhos para cada vez mais longe (muitas vezes com o que é realmente relevante na vida), transformando aquela recompensa instantânea e passageira em pesadelo duradouro.

Hummmmm… não entendi bem isso

Bom, o que acontece é que nossa mente não consegue lidar muito bem com o que demanda médio e longo prazos. Ela quer o prazer e a recompensa aqui e agora, o mais rapidamente possível porque é programada para a escassez e “amanhã”, qualquer que seja a duração, parece sempre muito distante. Assim, é melhor garantir o que se tem hoje sem dar muita atenção ao futuro. Mas o que é o futuro senão qualquer segundo para além daquele que estamos vivenciando? E nesse próximo segundo tudo pode mudar num piscar de olhos.

Uma máxima repetida incansavelmente para justificar consumismo e descaso com investimentos não só para o futuro, mas para viver um presente melhor e com mais tranquilidade é: “Quem garante que estarei vivo(a) amanhã?”. Quando olhamos a expectativa de vida das pessoas em todo o mundo, ela só aumenta. Felizmente, estamos vivendo cada vez mais. No Brasil, por exemplo, a longevidade média chegou a 76 anos em dados publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em julho de 2018. Nos anos de 1960, a média era de 54 anos! E à medida que nos cuidamos mais e a ciência descobre novos tratamentos para doenças, tudo indica que esse número será cada vez mais alto. Imagine que com mais 20 anos à frente a média de vida do brasileiro chegue a 85 anos – ou seja, haverá muitos centenários.

Agora, basta apenas viver muitos anos sem ter recursos para uma vida com qualidade? Se enquanto mais jovens precisamos de dinheiro pra viver melhor, o que dizer depois, numa idade mais avançada? Porque não tem essa de pensar que precisamos viver bem apenas na velhice. O presente é o que temos para viver e para construir nossa história de hoje e de amanhã – e cada momento é único e precioso. Podemos tirar o máximo proveito dele sem deixar de lado o planejamento financeiro e a construção de um bom patrimônio.

Nos enchermos de mimos sem reflexão, enquanto ficamos ou na mesma situação, reclamando que deveríamos ganhar mais, ou cada vez mais pobres, endividados e estressados não faz sentido algum. E nunca é tarde para começarmos a fazer escolhas diferentes para mudarmos a atitude em relação às nossas finanças.

Ah, então não posso mais ter alegrias na vida?

Ops… não foi isso o que eu disse. Mas o que não deve faltar é uma parada estratégica (como falo nesse post) antes da próxima compra não planejada, antes de compensar cansaço, frustração, baixa na autoestima, insatisfações e também euforia, alegria ou celebrações em comprinhas aqui e ali com pagamentos – parcelados ou não – no cartão de crédito  que podem gerar pesadelo duradouro cada vez que a fatura chegar nos meses seguintes.

–> Assista aqui o vídeo no qual falo sobre a importância do lazer na nossa vida, mas sem perder de vista o planejamento financeiro.

O cartão de crédito (ou de débito) não voa de sua carteira direto para a mão de um(a) atendente (escrevi sobre isso nesse post) ou faz sozinho uma compra on-line. Porque uma coisa que não podemos esquecer é que cada novo gasto será somado a outros ainda não pagos e às despesas que normalmente fazem parte do orçamento mensal. E o que recebemos como salário ou pro-labore acompanha esse aumento? Em qualquer cenário, o orçamento ficará cada vez mais comprometido e a capacidade de poupar e de investir cada vez menor. Sabe aquele discurso também velho conhecido de que “nunca sobra” para guardar? Pois é, a questão não é “esperar sobrar”, mas agir conscientemente para “fazer sobrar”.

Aprender a dizer não para o supérfluo e perceber as pegadinhas mentais para nos induzir a essas recompensas, que parecem tão inofensivas, são fundamentais para  termos mais controle sobre as finanças e vivermos presente e futuro com mais tranquilidade.

Recompensas fora de hora SEM pesadelo duradouro

Com a vida financeira saudável é possível ter uma porcentagem dos ganhos para as recompensas fora de hora sem que elas virem pesadelo e caibam dentro do  orçamento. Isso pode ser feito em forma de mesada, por exemplo, reservando uma pequena porcentagem dos ganhos para isso.

Não há nenhum problema em fazer isso quando sabemos de onde vem e para onde vai o dinheiro que recebemos, cuidando dele, mantendo os gastos sob controle para continuar com os investimentos de forma que, com o tempo, o patrimônio financeiro cresça até o ponto em que não será mais preciso correr atrás de dinheiro. Não é fantasia isso. Alcançar a independência financeira é questão de foco e de disciplina para cumprirmos as metas estabelecidas para alcançarmos os objetivos de vida em curto, médio e longo prazos que foram definidos no planejamento financeiro.

(Acesse aqui a lista com todos os posts publicados no blog do Você e seu Dinheiro.)

(Escrito por Amandina Morbeck)

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