- 20/04/2020
- Posted by: AmanMorbeck
- Categories: Educação financeira, Finanças pessoais, Planejamento financeiro
As finanças pessoais – e empresariais – receberam xeque-mate em meio a pandemia. Chamam a atenção os relatos de dificuldade, tanto de pessoas físicas quanto de pessoas jurídicas, de não conseguirem sobreviver por uma semana (empresas aéreas) ou por um ou dois meses (89% das micro, pequenas e médias empresas, além de trabalhadores, profissionais liberais, autônomos) por não contarem com reserva financeira para dar o suporte necessário para atravessarem situações de emergência e imprevistos, como perda de emprego e/ou queda expressiva nos ganhos.
Restaram a ajuda do Governo Federal – com o auxílio emergencial e a suspensão de cobrança de tributos de sua alçada por alguns meses; a oferta de linhas de crédito feita por instituições financeiras – com juros mais baixos, mas sem nos esquecermos que sua contratação significa mais endividamento; e a intervenção da justiça, por determinado período, na suspensão de despejos residenciais e pagamento de aluguéis comerciais, bem como a cobrança de parcelas de empréstimos consignados contratados por aposentados, entre outras ações.
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Reserva financeira ou de emergência (pessoa física), capital de giro (pessoa jurídica)
Independentemente do nome que se dê a ela, essa crise na qual estamos mergulhados e suas consequências só confirmam a falta que essa reserva (leia mais aqui) faz e o quanto não é demais a repetição de sua importância, algo que todos os educadores financeiros fazem com frequência em posts, artigos, vídeos, podcasts, treinamentos, webinários, livros. Fora que esse é um ponto tratado também em cursos acadêmicos e de pós-graduação nessa área.
Falar sobre a necessidade de se ter pelo menos 6 meses do valor das despesas mensais investidos em ativo de liquidez (que permite saque rápido) pode parecer sem sentido para a maioria quando em tempos “normais”, mesmo aos trancos e barrancos, é possível passar de um mês ao outro utilizando cartão de crédito ou cheque especial, contando com aquele vale de adiantamento, com a ajuda de um amigo ou de um parente, deixando de pagar determinada conta do mês para quitá-la no mês seguinte, fechando o orçamento no zero a zero e por aí vai. A velha crença de que “quem não tem dívida não tem nada” ou “empresa que não tem dívida não cresce” pode provocar uma noção de que é assim que todo mundo vive, então está tudo bem. E isso independe de quanto a pessoa ganha de salário mensal ou a empresa fatura por dia, por semana ou por mês.
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Choque de realidade
Quando algo inesperado acontece, que não precisa ser na proporção de uma pandemia como essa que estamos vivenciando, e as perspectivas para o futuro não se desenham de forma tão satisfatória, certamente bate desespero. Por outro lado, esse é um momento de reflexão e de correção de percurso, um divisor de águas sobre a forma com a qual lidamos com a vida como um todo e também com nossas finanças.
Não há sentido dizer que esse não é um bom momento para se falar sobre dinheiro porque a maior pressão que estamos vivenciando vem da dificuldade, em nível mundial, de equacionar os cuidados fundamentais com a vida e a saúde e os problemas econômicos que certamente nos acompanharão por muito tempo. Fora o fato de que muitas pessoas e empresas precisarão se reinventar para continuar na ativa nesse amanhã pós-pandemia sobre o qual pouco sabemos como será.
Por isso, aproveite bem o tempo que tem e reveja conceitos em relação ao dinheiro, faça seu orçamento familiar, estabeleça novas formas de consumo, busque aprender mais sobre finanças pessoais, planejamento financeiro e investimentos. Outros momentos desafiantes virão. Na verdade, eles estão sempre acontecendo no nosso dia a dia, mas nem sempre são tão impactantes.
Investimento é para todos os bolsos
Investir é a última parte de um planejamento financeiro bem estruturado, mas não pense que isso só existe para quem já tem dinheiro, tampouco que é preciso ter um valor considerável para começar. Nada disso é verdade. Tudo o que você precisa é definir quanto e como vai investir e começar a fazer isso com regularidade, independentemente da quantia.
Se ainda não tem, comece “pelo começo”, que é a formação da reserva de emergência, cujo cálculo é bem simples de ser feito: multiplique seus gastos mensais por 6 (meses) e escolha onde vai colocar seu dinheiro mensalmente – CDB diário ou Tesouro Selic, por exemplo – até alcançar essa quantia. Quando estiver completa, esse dinheiro não pode ser mexido para outra coisa que não seja emergência real – e o que for retirado deve ser reposto o mais rapidamente possível. Para quem não tem ganhos mensais definidos, como profissionais liberais, autônomos e empresários, a recomendação é estabelecer uma média dos últimos 12 meses e fazer os ajustes ao longo do ano.
Renda variável não é a porta de entrada
Li outro dia que o livro mais vendido – nesse período de isolamento – na categoria finanças pela loja virtual de uma livraria é “O jeito Warren Buffett de investir – os segredos do maior investidor do mundo”. Levei um susto porque, ao mesmo tempo em que é positivo que as pessoas estejam buscando por conhecimento em meio ao caos, o que mostra que querem ter mais controle financeiro e mudar a maneira como estavam vivendo, a escolha mostra um descompasso em relação a essa busca.
Isso porque começar por investimentos em renda variável – que no caso do livro são as ações, que fazem parte do universo de atuação de Warren Buffett (de quem sou superfã, diga-se de passagem) – não é o melhor caminho para quem está começando. Por outro lado, isso pode indicar que essas pessoas estão apenas seguindo sugestão de alguém ou lendo e/ou assistindo a vídeos que reforçam a noção de que é na renda variável que os ganhos podem ser mais expressivos e agora querem recuperar o tempo perdido o mais rapidamente possível. A questão é que, sim, os ganhos podem ser mais altos em ativos de renda variável, mas é nessa categoria que as maiores perdas também podem ocorrer. Trilhar o caminho de investimentos em renda variável requer muito conhecimento e/ou uma boa ajuda profissional, de forma que essa não é a porta de entrada recomendada para leigos para adentrarem o mundo dos investimentos.
A construção do patrimônio financeiro não acontece num toque de mágica. Mesmo quando falamos sobre Buffett, por exemplo, ele traz em sua história mais de 70 anos de perdas e de ganhos no mercado financeiro, sempre aprendendo. O processo de enriquecimento é lento e requer comprometimento e constância para ser acumulado ao longo do tempo com paciência e com planejamento (nunca vou me cansar de destacar esse aspecto), galgando um degrau de cada vez.
A importância da busca por conhecimento
Além de mim, com o Curso sobre Finanças Pessoais e Planejamento Financeiro – há vários outros profissionais que, com cursos estruturados (como Nathalia Arcuri e Gustavo Cerbasi), ensinam o bê-a-bá para quem realmente quer compreender o universo das finanças e suas nuances.
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Ninguém sai da pré-escola para um curso de graduação, assim também acontece na construção do conhecimento em finanças e em investimentos. É um presente poder contar com o compartilhamento de quem já trilhou os caminhos antes de você e disponibiliza esse aprendizado para te ajudar a avançar mais rápido em temas que podem parecer assustadores, quando não são, ou fáceis demais para ser conquistados, quando também não são.
Que esse período de total incerteza que estamos vivenciando traga bons frutos no final, com mais pessoas comprometidas em cuidar do suado dinheirinho de forma que os percalços em diferentes graus e em diferentes momentos da vida, que sempre existirão, não causem tanto pânico.
Dinheiro existe para trazer tranquilidade e para proporcionar mais possibilidades de escolhas que resultem em mais qualidade de vida no presente e no futuro.
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Escrito por Amandina Morbeck
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