Rotativo no cartão de crédito: o que é e como funciona?

Você sabe como funciona o rotativo no cartão de crédito? Você já precisou utilizá-lo em algum momento, utiliza constantemente ou nunca precisou fazer isso? Se sua resposta for “nunca utilizei”, que bom pra você porque é mais uma linha de crédito com juros muito altos.

O que é e como funciona o crédito rotativo

É um empréstimo que é automaticamente ativado quando o titular do cartão de crédito não quita o valor integral da fatura até a data do vencimento, pagando apenas o mínimo. O valor da nova dívida será a diferença entre o que foi pago menos o total da fatura, sobre o qual incidirá juros e encargos pelo prazo em atraso.

Ao fazer isso, o consumidor fica com o “nome limpo”, não se torna inadimplente, mas segue com uma dívida ainda maior, pois terá acréscimos no saldo devedor, que deverá ser pago em até 30 dias com as outras dívidas no cartão.

Ele foi definido em abril de 2017 pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para evitar que o consumidor entrasse num ciclo de dívidas, usando o rotativo do cartão de crédito de forma constante, por isso estabeleceu algumas regras com intuito de protegê-lo. A de limitar a validade do rotativo para apenas por 30 dias, por exemplo, foi para barrar a possibilidade de empurrar a dívida para os meses seguintes de forma indefinida. Além disso, enquanto o rotativo não for pago, o titular não consegue utilizar um novo crédito.

Isso soa como “bom negócio”? Pode até ser, mas não para o consumidor, pois se ele continuar sem conseguir quitar o que deve, o efeito bola de neve é devastador nas finanças pessoais, dificultando o pagamento da dívida, que vai se acumulando mês a mês.

Nossa, só de escrever sobre isso me dá desespero! (risos)

Rotativo regular

Quando o titular paga entre a quantia mínima e a quantia intermediária da fatura, conforme informado na fatura pela operadora do cartão, o restante será corrigido com juros e encargos a ser somado à fatura do mês do seguinte.

Nesta data, os juros estão variando entre 0,72% ao mês ou 8,99% ao ano a 21% ao mês ou 884,49% ao ano. Veja aqui, no site do Banco Central, a lista completa.

Se você acessou o link do Banco Central, viu que as taxas de juros são estratosféricas. Se usa cartão de crédito, não caia nessa de pagar o mínimo da fatura. Não acredite que há vantagens em fazer isso ou em parcelar o que deve. Você só vai ter mais dívidas num efeito bola de neve. E se já está pagando parcelamento, quite o quanto antes.

Se o titular não conseguir quitar a dívida em 30 dias (na fatura seguinte), a operadora de cartão deve oferecer uma nova opção de crédito com juros mais baratos e parcelamento, ou seja, o endividamento só vai aumentar.

Rotativo não-regular

Entra nessa categoria quem não consegue realizar o pagamento total da fatura ou paga abaixo do mínimo estabelecido pela operadora. As taxas de juros são as mesmas do regular e você pode conferir aqui.

Assim como no rotativo regular, se o titular não conseguir quitar a dívida em 30 dias (na fatura seguinte), a operadora de cartão deve oferecer uma nova opção de crédito com juros mais baratos e parcelamento, ou seja, o endividamento só vai aumentar.

Por que juros do rotativo são altos?

Porque quando uma instituição financeira empresta dinheiro, ela também precisa considerar que pode não receber o valor dentro do prazo definido. Por isso, para compensar essa possibilidade ela cobra juros pelo tempo que vai ficar sem receber aquela quantia de volta. Nesse aspecto, o rotativo do cartão de crédito não é diferente de outras linhas de crédito disponíveis no mercado.

O problema é que os juros dessa modalidade podem tornar uma dívida relativamente baixa em outra difícil de ser quitada em prazo muito curto. Veja o exemplo de um parcelamento no cartão de crédito do Bradesco com juros de 11,22% ao mês ou 258,40% ao ano (conforme tabela nos links acima publicada no site do Banco Central):

Valor da dívida: R$ 1.000 | Parcelamento: 12 x R$ 155,65 | Juros no final: R$ 867,74 | Total: R$ 1.867,74

Olhando apenas o valor da parcela parece tão pouco, não? Mas aí entra a importância de não olhar apenas se ela cabe no bolso, mas qual é o custo no final (falei sobre isso nesse post).

Crédito mais barato

Fazer dívida em cima de dívida nunca é a melhor solução, mas se for o caso, o menos pior é procurar por crédito mais barato – como empréstimo consignado – para quitar a dívida do cartão de crédito. Novamente no site do Banco Central (clique aqui), veja a diferença dos juros do consignado para empregados de empresas privadas em relação aos do cartão de crédito.

Pratique o consumo consciente e inteligente, que é aquele que não envolve viver fora de sua realidade financeira. E para te ajudar a refletir mais sobre o uso do cartão de crédito, leia este post também de minha autoria: O cartão de crédito nunca sai de sua carteira sozinho.

A importância do planejamento financeiro

Quem aprende a cuidar das finanças pessoais com responsabilidade e elabora seu planejamento financeiro, entende a importância de evitar qualquer tipo de endividamento, como é o caso de comprar com cartão de crédito (em uma ou mais parcelas), pagar prestações em carnês, fazer financiamento e empréstimo, enfim, gastar acima do que o orçamento permite utilizando dinheiro que não tem.

Por isso, minha recomendação é: se for o seu caso, tome uma atitude o mais rapidamente possível para sair de situações de endividamento, esforce-se para diminuir gastos de forma que seus ganhos sejam maiores do que suas despesas. Só assim é possível construir uma nova realidade financeira com capacidade de poupar para investir e conquistar presente e futuro muito melhores.

(Acesse aqui a lista com todos os posts publicados no blog do Você e seu Dinheiro.)

Escrito por Amandina Morbeck | Foto: Reprodução

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